Férias novamente a procura de uma obra

É incrível o que se passa aqui. O estado é o último da federação, não importando se os dados e estatísticas a comparar sejam de educação, saúde, segurança, renda per capita, nível de vida, pobreza absoluta… Pode ser qualquer um e lá está o Maranhão em último lugar. Mas a governadora não está nem aí, ou não sabe, ou não se importa ou não acredita. Tanto faz. E para espanto de todos, sai de férias pela terceira vez neste ano, que mal entra no quarto mês.
É impressionante a alienação de Roseana Sarney em relação às condições de vida dos maranhenses, que a cada dia mais se agrava com o desenrolar do seu governo que é caracterizado pela inércia.
E para piorar, seus órgãos de comunicação tentam disfarçar a realidade das férias, divulgando então que ela teria sido convidada pela presidente Dilma para acompanhá-la em viagem aos Estados Unidos, onde a primeira mandatária do país tem marcado um encontro com o presidente Obama em Washington. A viagem da presidente é no dia 9 de abril, mas Roseana Sarney já debandou. Não parece estranho?
Os políticos brigam para irem de carona no avião presidencial com a presidente, pois assim teriam uma oportunidade de conversar um pouco com ela e tentar encaminhar um assunto de interesse do estado que representam. Isso é praxe em longas viagens presidenciais, como a do dia 9, e geralmente os membros da comitiva são chamados à cabine presidencial do avião para cumprimentarem e conversarem um pouco com a presidente. Governadores geralmente passam muito mais tempo com a presidente e podem, com mais tempo, encaminhar assuntos pendentes ou de grande interesse de seus estados.
Com efeito, seria incomum que a governadora, que tem encontrado dificuldades para marcar audiência com a presidente, não aproveite tal oportunidade. Não lhes parece de fato estranho?
Ou alguma coisa muito forte nos Estados Unidos atrai Roseana, a ponto de esnobar convite tão útil, ou então o convite não incluía a viagem no avião presidencial, o que não é provável, pois governadores quando convidados, tem direito também à companhia na viagem.
Ou Roseana prefere mesmo as férias porque não tem nada a discutir ou apresentar à presidente? Seja o que for, é muito ruim para o estado que é o mais pobre do país e precisa muito do apoio presidencial. Sinceramente, é de cair o queixo…
Enquanto isso, o senador José Sarney não gosta e fica agressivo quando os dados terríveis do nosso estado são divulgados. Se ele pudesse mudar essas estatísticas, sem dúvidas já teria feito. Se fossem dados coletados por entidade estadual, sem dúvidas que haveria uma interpretação própria deles, como muitas vezes já tentaram fazer sem sucesso. Como são dados federais, de instituições quase seculares, que não se abalam por esse tipo de crítica ou reivindicação, eles continuam a ser divulgados, mostrando a realidade brutal e cruel do que resultou de 50 anos de domínio total da oligarquia no estado.
Assim sua ira é dirigida aos que divulgam ou debatem esses dados. Ele sabe que a constatação de um Maranhão tão pobre e abandonado, mesmo sendo um estado sem secas, com bons solos e chuvas regulares, com muitos rios perenes, impede o seu sonho maior de ter uma biografia de benfeitor desse estado, um estadista.
Ele deve ficar com inveja da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que manda mudar os dados da inflação a seu bel-prazer…
E como se não bastasse, agora vamos falar da tal lei de iniciativa do governo do estado do Maranhão sobre licitações, que é um completo e total absurdo. Substitui a Lei n° 8.666, federal, que foi aprovada face às grandes falcatruas que as leis anteriores permitiam. Foi iniciativa do deputado Luís Roberto Ponte, do Rio Grande do Sul com o objetivo primordial de moralizar as licitações públicas e acabar com os acertos e aditivos sem controle. Luís Roberto Ponte era irmão do saudoso Dom Ponte, Arcebispo do Maranhão.
É bem da verdade que Roseana não respeitava a Lei n° 8.666. Quase tudo era feito com despensa de licitação, ao arrepio da lei, sem justificativa legal, com aditivos maiores do que o próprio contrato. Mas era ilegal e ela podia ser responsabilizada com os seus secretários em algum momento.
Então, ela tenta “legalizar” a lambança executada pelo seu governo com o argumento de que sua gestão se apoia, agora, em lei estadual aprovada pela Assembleia.
Pela nova lei ela pode tudo. Dispensa de licitação deixa de ser por emergência e passa a ser por urgência. Já pensaram? Ela vai considerar tudo como “urgência” e assim ela acha que pode entregar as obras para seus amigos mais chegados pelos preços que lhe convierem.
Ela já fazia isso antes, mas agora é “legal”. Ela vai poder fazer tantos aditivos quantos quiser, multiplicando os contratos com seus amigos. Vai até poder entregar uma obra sem projeto a uma firma muito amiga e contratá-la para fazer o projeto, executá-lo, fiscalizar a si próprio, fazer o orçamento e receber o pagamento depois de tanto trabalho…
É o fim. Ninguém segura o Maranhão!
Por: José Reinaldo Tavares

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