(Não é só 12 de outubro, não!)
12 de Outubro. Feriado nacional, de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Poderia relembrar o “descobrimento da América...”. Mas sobretudo é marcado, pensado, planejado, executado, em torno do “DIA DA CRIANÇA”... Que como tantas outras datas “significativas” (Natal, Páscoa, e tantas outras...) foram desvirtuadas pelo “sistema” (quer dizer, o sistema do “mercado”, este todo poderoso onipresente, onipotente, o mundo globalizado e da prioridade absoluta ao econômico, à matéria, ao consumo, ao individualismo...).
Na realidade mundial, nacional e local, de tantas e tamanhas atrocidades e barbaridades contra os mais elementares Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, começando por uma vida plena de dignidade, mas carimbada de inicio pelo abandono, pela negligência, pelos maus-tratos familiar, que tanto estarrece aqui em Açailândia: o último e pormenorizado relatório do Conselho Tutelar é enfático: a família é a maior violadora dos Direitos da Criança e do Adolescente no nosso município.
Humilhada, violada em casa, a Criança “ganha as ruas”, e aí é violentada pelas comunidades, pela sociedade, omitida pelo Estado/governos.
Para “compensar” tamanho descaso e tamanha violência, não é toa o “movimento” nestes dias, de “presentes pra criançada”... Escancarada compensação, parecendo “alivio de consciência” anual... Uma vez por ano, pelo menos, se pense e se viva que Criança é o centro da sociedade, Sujeito de Direitos com PRIORIDADE ABSOLUTA de atendimento de Direitos (conforme nossa Constituição da República, artigo 227).
E se lembre e se respeite o ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente, que aliás completa este ano 21 anos, vinte e um anos na titânica guerra para garantir Direitos (mínimos...)!
E nestes dias, de tanto movimento e tamanho estresse, de pais e mães à beira de um colapso emocional e cardíaco, e Crianças idem, o que vale é ó sentido “econômico” da data, não a Infância em si, pisoteada, espezinha e esquecida nos demais trezentos e sessenta e quatro dias do ano...
DIA DA CRIANÇA É TODO DIA (ou DEVERIA SER TODO DIA)! Dia de educação., de saúde, de cultura, de esporte, de lazer, de cidadania, preparando-a dignamente para a vida e para o mundo, todo dia!
E não do jeito que as coisas andam, por aqui mesmo em nossa cidade: centenas, quiça milhares, sem direito pleno à convivência familiar e comunitária, explorada no trabalho infantil comprometendo sua saúde e castrando seu futuro cidadão; pior ainda, explorada sexualmente, comercialmente, servindo de “objeto” de lucro de uma rede bandida; abusada sexualmente em seus próprios lares; vítimas de uma educação e uma saúde deficientes, como bem relataram na recente “6ª Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Açailândia”...
Para compensar tanto esquecimento e “maldade”, uma vez por ano a sociedade e o Estado/governos “promovem” essa festa, “lembrando” que as Crianças existem, e que merecem, não sei se os presentes do dia, conforme determinados pelo “mercado”...
Não perguntamos para as Crianças que “presentes” elas realmente querem... Não seriam eles apenas seus Direitos ( à Vida, à Saúde, à Família, à Comunidade, è educação, ao esporte, à cultura, ao lazer, ao meio ambiente saudável e sustentável; à dignidade, ao respeito e à liberdade...)...
TODO DIA É DIA DA CRIANÇA!
Fonte: Eduardo Hirata
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