Arruda dá nomes de aliados a quem diz ter repassado dinheiro obtido com o cargo; ex-governador do DF não nega corrupção

Após passar um bom tempo longe dos holofotes, o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) concedeu entrevista à revista "Veja", publicada na tarde desta quinta-feira (17), em que afirma ter usado seu posto de “único governador do DEM” para sensibilizar empresários a fazer doações eleitorais para colegas de sigla e até para políticos de outros partidos.
Expulso do DEM e demissionário do governo após a Operação Caixa de Pandora, que descobriu um esquema de corrupção no Distrito Federal que o deixou preso por dois meses, Arruda explicou que não pode garantir que as verbas arrecadadas eram declaradas. “Isso somente o presidente do partido pode responder. Se era oficialmente ou não, é um problema do DEM. Eu não entrava em minúcias. Não acompanhava os detalhes, não pegava em dinheiro. Encaminhava à liderança que havia feito o pedido”, disse ele.
O ex-governador disse ainda que tinha um “excelente relacionamento com os grandes empresários” e que usou essa influência “para ajudar meu partido, nunca em proveito próprio”. Como ele alegou, o processo funcionava assim: “Pedia ajuda a esses empresáriosl. Dizia: ‘Olha, você sabe que eu nunca pedi propina, mas preciso de tal favor para o partido’. Eles sempre ajudaram. Fiz o que todas as lideranças políticas fazem”, argumentou na entrevista, publicada no final da tarde de hoje no portal da "Veja".
Agripino e Demóstenes
Entre os beneficiados com o esquema, disse Arruda, estão políticos de renome, muitos apontados por ele como “desleais” e hipócritas – ao confirmar o adjetivo sugerido pelo entrevistador. “Os senadores Demóstenes Torres e José Agripino Maia (novo presidente do DEM), por exemplo, não hesitaram em me esculhambar. Via aquilo na TV e achava engraçado: até outro dia batiam à minha porta pedindo ajuda!”, afirmou.
Arruda disse à "Veja" que, em 2008, o senador Agripino foi até a sua casa pedir R$ 150 mil para a campanha da sua candidata à prefeitura de Natal, Micarla de Sousa (PV). “Eu ajudei, e até a Micarla veio aqui me agradecer depois de eleita.”

O senador Demóstenes também o teria procurado, solicitando a contratação de uma empresa de cobrança de contas atrasadas. “O deputado Ronaldo Caiado, outro que foi implacável comigo, levou-me um empresário do setor de transportes, que queria conseguir linhas em Brasília”, enumerou ele, que ainda citou o ex-presidente do DEM, Rodrigo Maia. “Consegui recursos para a candidata à prefeita dele e do Cesar Maia no Rio, em 2008. Também obtive doações para a candidatura de ACM Neto à prefeitura de Salvador.”
Segundo Arruda, ele também fazia outros favores, como “nomear afilhados políticos, conseguir avião para viagens, pagar programas de TV, receber empresários.”
“Dancei a música que tocava no baile”
Arruda afirmou que um dos poucos políticos que nunca ajudou é o prefeito paulistano Gilberto Kassab (DEM). O ex-governador também, indiretamente, assumiu ter praticado ilicitudes no cargo. Ao ser indagado se seria corrupto, ele alegou que, “infelizmente, joguei o jogo da política brasileira”.
Segundo ele, as empresas e os lobistas ajudam nas campanhas para terem retorno, por meio de facilidades na obtenção de contratos com o governo ou outros negócios vantajosos. “Ninguém se elege pela força de suas ideias, mas pelo tamanho do bolso. É preciso de muito dinheiro para aparecer bem no programa de TV. E as campanhas se reduziram a isso”, afirmou.
Ajuda ao PSDB, "com a melhor das intenções"
Por fim, o ex-governador disse ainda que, “por amizade e laços antigos”, ajudou o PSDB “sempre que o senador Sérgio Guerra, presidente do partido, me pediu”. Segundo ele, sempre “por meio de Eduardo Jorge”, a ajuda era dada “com a melhor das intenções.”
Com informações do UOL

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