Maranhão é o terceiro estado com maior número de casos de hanseníase no Brasil

Enquanto antigos moradores da Vila do Bonfim superam dores e preconceitos, o Maranhão mantém taxa elevada de casos da doença ocupando o terceiro lugar no país

Dados alarmantes e preocupantes. Segundo informes divulgados durante o Seminário Estadual do Projeto Integrahans-MAPATOPI- Padrões Epidemiológicos, Clínicos, Psicossociais e Operacionais da Hanseníase nos Estados do Maranhão, Pará, Tocantins e Piauí, que ocorreu em São Luís, o Maranhão é terceiro estado em casos de hanseníase em todo o Brasil, uma taxa de 54,80 por mil habitantes. Perde apenas para Mato Grosso com 84,97 por mil habitantes e Tocantins, com 71,13 por mil hab. O estado maranhense registrou, somente no ano de 2011, 3.833 casos dessa doença. Em 2009, um total de 3.597 e, no ano de 2009, apenas 3.872.

A chefe do Departamento de Epidemiologia da Secretaria Estadual da Saúde, Lea Márcia Melo, falou que o estado em relação a casos de hanseníase é considerado hiperendêmico, pois está acima de 40 casos por mil habitantes. Em relações às cidades consideradas críticas estão São Luís, que no ano passado registrou 656 casos, Imperatriz, 209, Timon, 134, Açailândia, 134, Santa Luzia do Tidi, 116, Caxias, 105, e Codó, 104. 

“Como se pode observar o Maranhão faz parte dos estados que ficam numa localização chamada Arco Amazônico e ainda estão os estados do Mato Grosso, Pará, Tocantins e Amazonas. Estes ganham destaque para os números de registros altos de hanseníase”, frisou.

Lea Márcia Melo também falou que a falta de condições sanitárias adequadas é a principal causa da doença e a transmissão ocorre por meio das vias respiratórias, ou seja, tosse e espirro de pessoas infectadas que estão sem tratamento e os sintomas se manifestam no período de dois a 10 anos. Já os principais sintomas são manchas pelo corpo com perda ou alteração de sensibilidade, úlceras de pernas e pés, caroços, febres e outros. No momento, o estado e o município disponibilizam o tratamento específico da enfermidade. Um dos tipos de tratamento é a poliquimioterapia. De acordo com ela, esse tipo de tratamento utiliza a combinação de três medicamentos e o tratamento precoce e contínuo leva à cura de forma mais rápida e segura. 

No começo desse ano, segundo a chefe do Departamento de Epidemiologia da SES, cerca de 60 municípios maranhenses como São Luís, Imperatriz, Timon, Codó e dentre outros receberam um recurso financeiro do Ministério da Saúde para o combate da hanseníase. 

Essas cidades possuem a missão no decorrer de um ano diminuir a taxa de casos e ainda desenvolver o tratamento para os portadores e todo esse trabalho vai ser fiscalizados tanto pelos profissionais da saúde da Secretaria Estadual de Saúde como do próprio Ministério Público. Ela não deixou de frisar que somente, na capital, tem o Centro de Saúde Genésio Rego, na Vila Palmeira, e o Hospital Aquiles Lisboa, na Vila do Bonfim, como locais de referência para o tratamento dessa doença. Como também alguns postos de saúde da Prefeitura de São Luís.

Hanseniano, sim

Um dos moradores da Vila do Bonfim é um homem robusto, simpático e de sorriso fácil. Raimundo Sardinha Alves, de 62 anos, que mora na Rua José Sarney, nº 8, é conhecido por todos como “Raimundo Sardinha”. 
Sentado na porta de casa, ele relembra o passado áureo, de luxo e sucesso que terminou no final da década de 90. Morava em um hotel, localizado na Rua Afonso Pena, no Centro, e trabalhava na cozinha do Palácio dos Leões, onde era reconhecido, principalmente, pela alta sociedade maranhense. Ele falou que foi justamente quando foi furado por uma tachinha, no Palácio dos Leões, no pé esquerdo que descobriu que estava com a doença. 

“Meu pé estava cortado, não sentia nada e o sangue estava saindo. Fui ao hospital e fiz o exame que ficou confirmado”, disse.

Raimundo Sardinha também falou que o preconceito com o portador ainda existe, mas as pessoas precisam ser informadas sobre o caso. Relatou que há 20 anos está morando na vila e muito feliz, pois recebe visita freqüente da sua mãe, Raimunda Cruz, de 95 anos, que vem do Maiobão. “A minha mãe nunca deixou de me olhar e mesmo idosa vem de coletivo do Maiobão”, frisou.

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