Inflação não deve fugir da meta oficial de 4,5%, estimam analistas do mercado

São Paulo - A pressão inflacionária persistirá ao longo deste ano, mas sem riscos de “choques adversos”. A previsão é do analista econômico da empresa de consultoria Tendências, Thiago Curado. Ele estima que a taxa de inflação não deva fugir muito da meta oficial de 4,5% . O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na avaliação de Curado, deve ficar em torno de 5,9%.
O economista observou que a presidenta Dilma Rousseff assumiu o controle do país sob um ambiente em que o comportamento dos preços estava em alta por causa da melhoria de renda dos trabalhadores e também pela influência da demanda ainda aquecida no mercado internacional dos produtos alimentícios em meio à quebra de safras como a registrada na Índia.
“Países emergentes como o Brasil e a China, e os desenvolvidos, ajudaram a elevar as cotações das commodities no mundo inteiro. Há indicadores da [Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação] FAO apontando recordes históricos no caso do trigo e da soja”, disse, complementando que “de 2010 até hoje, a taxa de crescimento é muito forte”.
Além disso, o analista alertou que tem ocorrido um movimento especulativo associado ao excesso de liquidez no mercado financeiro provocado pela crise financeira de 2008, iniciada nos Estados Unidos.”O preço é definido no mercado global”.
Na opinião de Curado, o Brasil conseguirá manter o controle inflacionário por meio das medidas macroprudenciais, entre as quais o ajuste fiscal anunciado com o corte das despesas públicas em R$ 50 bilhões. O fato de o teto para o salário mínimo ter sido aprovado nos R$ 545, segundo ele, também ajuda nesse processo.
Já o economista Keyler Carvalho da Rocha, professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), afirmou que a inflação vem subindo nos diversos países mundo por causa das cotações em alta das commodities, e que “o governo tem tentando minimizar os efeitos com medidas como o aumento do depósito compulsório, a elevação da taxa de juros e a redução de despesas”, além de segurar o valor do salário mínimo.
Ele acredita que “essas ferramentas” resultarão em êxito. Pelas projeções dele, ainda no primeiro semestre, a taxa de inflação atingirá o pico, na casa dos 6%, declinando em seguida para 5,5% e depois para 5%. Mas isso, conforme assinalou, desde que não ocorram “surpresas”, como a crise política no Oriente Médio, que derrubou o presidente do Egito, Hosni Mubarak, no último dia 11.
Ainda em relação à política interna brasileira, o economista criticou o comportamento dos congressistas que elevaram os próprios salários em cerca de 60%, o que, segundo ele, comprime o Orçamento público.”Os deputados e senadores não têm a mínima noção do quadro macroeconômico”.
Rocha disse ainda que se o governo tiver “um superavit [primário] maior, ele vai poder reduzir a sua dívida e reduzir os juros, criando um efeito positivo [na economia]”. Na previsão do especialista em finanças, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para os dias 1º e 2 de março, a atual taxa básica de juros, a Selic, deverá subir dos atuais 11,25% para 11,75%, que é a média de elevação esperada pelos analistas ouvidos pelo Banco Central.
Repórter da Agência Brasil 

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