A comunidade alega que os serviços estão sendo
realizados a poucos metros das moradias, provocando problemas
de saúde aos moradores, principalmente entre crianças e idosos.
Moradores
da localidade conhecida como Alto da Paz, na Vila Maranhão (zona rural de São
Luís), denunciaram ao Jornal Pequeno os transtornos que estariam sofrendo por
conta das obras de ampliação da linha ferroviária da Vale naquela região. A
comunidade alega que os serviços estão sendo realizados a poucos metros das
moradias, o que faz com que a poeira produzida por tratores e caminhões
acarrete problemas de saúde aos moradores, principalmente entre crianças e
idosos.
O trem da Vale, que circula na ferrovia já
implantada, também estaria provocando rachaduras nas paredes das casas. Segundo
os integrantes da comunidade, onde vivem aproximadamente 700 famílias (2.800
pessoas), há cerca de cinco anos teve início a demarcação dos pontos por onde a
ferrovia da Vale vai passar (em muitos casos adentrando os quintais das
residências).
Os encarregados desse trabalho, depois de fazerem
uma série de perguntas, teriam informado aos populares que eles não deveriam
realizar nenhuma reforma em suas moradias e que todos seriam indenizados. O
último contato teria sido feito no ano passado, com a justificativa de
confirmação de cadastro.
Os moradores dizem que, desde o dia 22 de agosto,
as obras começaram a ficar à distância de 6 metros das residências. “Eles estão
passando agora bem perto das casas, sem dar satisfação nenhuma para nós. Essa
poeira já fez meu bebê de oito meses contrair pneumonia três vezes neste ano.
Isso é ruim para ele, que já passou por quatro cirurgias”, desabafou a dona de
casa Graciane Reis Castro.
Outro que sofre com o excesso de poeira levantada
com as obras é o lavrador José Ribamar Lima, de 73 anos, um dos moradores mais
antigo da comunidade, que chegou ao local em 1980. “Não posso ficar perto dessa
poeira. Tenho uma tosse que já dura três anos. Sinto dor de cabeça e ardor nos
olhos”, disse o idoso.
A ampliação das linhas ferroviárias está sendo
realizada pela empresa Llucena Infraestrutura. Conforme contaram os moradores
da comunidade, ao reclamarem da situação para os encarregados da obra, foram informados
por eles que o máximo que poderia ser feito seria providenciar um caminhão-pipa
para umedecer a área e baixar a poeira. Mas, segundo os reclamantes, isso foi
feito, e não teria adiantado nada.
Além da poeira, a idosa Antônia Marta Rodrigues, de
73 anos, está preocupada com as demarcações feitas dentro do sítio onde mora.
Segundo ela, ao que tudo indica, as obras irão passar por dentro de sua casa.
Além dos transtornos da obra de ampliação da
ferrovia, outro problema relatado pela comunidade é a passagem do trem da Vale
– na ferrovia já implantada – bem perto da área habitada.
O pedreiro Salvador da Silva Cardoso, de 64 anos, e
o montador de andaimes Raimundo Nonato Azevedo, 30, contaram que suas casas
estão cheias de rachaduras.
“Quando o trem passa, as paredes começam a tremer e
as telhas descem. Com as obras, a situação tem piorado. A gente tem criança e
somos pobres. Não temos como construir outra moradia e também não temos para
onde ir”, declarou Raimundo Nonato, que teme o agravamento da situação, no caso
de o trem vir a passar mais perto das casas.
Vale diz buscar diálogo com comunidade e nega ter prometido indenização
Segundo informes repassados pelo técnico de
segurança do trabalho da Llucena Infraestrutura Rogério Cardoso Sousa, as obras
estão sendo realizadas com todas as licenças necessárias, emitidas pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e pela Secretária Estadual de Meio Ambiente (Sema).
Rogério Cardoso garantiu que a ampliação das linhas
ferroviárias não atingirá as casas da comunidade e que caminhões-pipas estão
sendo utilizados para diminuir o problema da poeira levantada pelas obras.
“Quando tem muita poeira, nós paramos os trabalhos e esperamos o caminhão-pipa
umectar o local”, afirmou Cardoso.
Já a Vale informou que a obra é uma ampliação das
linhas ferroviárias localizadas exclusivamente na área interna da empresa, com
o objetivo de melhorar suas condições de operação e manutenção. De acordo com a
Vale, os trabalhos estão na fase de terraplanagem e devidamente regularizados.
Conforme informou a Vale, tão logo tomou
conhecimento de que havia suspensão de particulado (pó), a empresa reforçou a
umectação do terreno e continuará monitorando o problema para que isso não
volte a ocorrer. Foi criada uma comissão entre os moradores para avaliar e
esclarecer as demandas decorrentes do trabalho que está sendo feito nas
proximidades da comunidade, informou a Vale.
Em relação às rachaduras nas casas, uma equipe de
engenharia da Vale foi designada para avaliar se o problema é decorrente das
operações e obras da empresa. Segundo afirmou a empresa, a comunidade será
informada desse assunto por meio das reuniões da comissão que será formada por
representantes da empresa e da comunidade.
Sobre a eventual indenização de moradores ao Alto
da Paz, a Vale esclareceu que não há nenhuma ação prevista relacionada à
necessidade de realocar e/ou indenizar pessoas na área em que estão sendo
feitas as obras.
Com informações de Jornal Pequeno
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