O curso é organizado pela Rede Justiça nos
Trilhos, Fórum de Políticas Públicas de Buriticupu e Programa de Assistência
Técnica Desenvolvendo Agroecologia no Maranhão.
Mais de 40 trabalhadores e trabalhadoras do
campo do interior do município de Buriticupu-MA concluíram, no último final de
semana, o primeiro Curso de Agroecologia e Economia Sustentável em territórios
atingidos pela empresa Vale S.A. O curso é organizado pela Rede Justiça nos
Trilhos, em parceria com o Fórum de Políticas Públicas de Buriticupu e o
Programa de Assistência Técnica Desenvolvendo Agroecologia no Maranhão.
Ao longo de seis etapas durante o ano de 2012,
as famílias dos agricultores de sete comunidades do interior de Buriticupu reuniram-se
para debater sobre os conflitos no campo, o futuro da agricultura familiar, as
alternativas ao escoamento de minério que afeta as comunidades pelo barulho do
trem da Vale, os atropelamentos, as trepidações e a poluição por ele
provocados.
O curso de agroecologia proporcionou
conhecimentos sobre defensivos naturais, adubos orgânicos e técnicas para
cultivar sem uso do fogo ou de produtos químicos. As atividades práticas do
curso foram realizadas por meio de três processos produtivos: hortas
agroecológicas, suinocultura e ovinocultura.
Não houve até agora participação do poder
público, mas as comunidades confiam na possibilidade de inserir a produção no
Plano de Aquisição de Alimentos do município ou no Programa de Merenda Escolar,
que prevê por lei que o fornecimento às escolas seja pelo menos 30% oriundo da
economia local.
“Tenho seis filhos nesse projeto”, comentou dona
Marilene, da comunidade Vila União, durante a cerimônia de formatura. “Estou orgulhosa
por eles: nunca quis que abandonassem o campo e agora vejo que há condições
para ficar, produzir e valorizar nossa dignidade de pequenos produtores
rurais!”.
Marlúcia de Azevedo, membro do Fórum de
Políticas Públicas de Buriticupu, destacou o valor político dessa iniciativa de
formação cidadã. O seminário “O Buriticupu que queremos”, realizado em novembro
pela própria coordenação do projeto, tratou sobre o desenvolvimento no campo
com sustentabilidade local e proporcionou novas articulações entre as
comunidades rurais de Buriticupu, a administração municipal e os governos
estadual e federal.
Marlúcia destacou que “finalmente as comunidades
à beira da estrada de ferro Carajás estão se organizando, juntas, para
denunciar os impactos do escoamento de minério, a falácia de um sistema
econômico que favorece só uma grande multinacional e a importância de
potencializar a iniciativa das pequenas comunidades rurais autogestionadas,
para uma produção sustentável e ecológica”.
A formatura dos cursistas representou somente
uma etapa de um processo maior. Ao longo
de 2013 continuará o acompanhamento dessas 40 famílias e de suas iniciativas de
quintais produtivos, hortas comunitárias, roças agroecológicas e as pequenas
experiências de suinocultura e ovinocultura.
Rede Justiça nos Trilhos
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