Mais um corpo foi resgatado em Nova Friburgo, nesta quarta-feira (26). Teresópolis tem mais 17 mortos identificados; ao todo, são 841 vítimas.
Os números de vítimas na tragédia na Região Serrana do Rio não param de crescer. Duas semanas depois da enxurrada que atingiu sete municípios da região, bombeiros ainda resgatam corpos dos escombros. Com isso, até o final da manhã desta quarta-feira (26), subiu para 841 o número de mortos na catástrofe.Foram identificados mais um corpo em Nova Friburgo e mais 17 em Teresópolis. De acordo com as prefeituras já são 401 mortos em Nova Friburgo, 344 em Teresópolis, 67 em Petrópolis, 22 em Sumidouro, 6 em São José do Vale do Rio Preto e 1 em Bom Jardim. Já o Ministério Público informa que ainda há mais de 500 pessoas desaparecidas na Região Serrana.
Recuperação de escolas
Em Friburgo, uma das prioridades das obras emergenciais é recuperar as escolas que foram destruídas após as chuvas do dia 11. As unidades que ficaram de pé servem, atualmente, de abrigo para vítimas ou viraram depósito. Com as obras, alunos das redes estadual e municipal, que estão no período de férias, poderão retomar a rotina sem grandes atrasos no ano letivo.
Segundo a prefeitura da cidade, as obras emergenciais devem ser concluídas em 180 dias. Um cronograma com as principais ações, que incluem também a recuperação de calçadas e ruas e a construção de muros de contenção, deve ficar pronto nos próximos dias.
O vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, se reuniu no domingo (23) com o prefeito da cidade, Dermeval Neto, e o presidente da Empresa de Obras Públicas do estado (Emop), Ícaro Moreno, para traçar as principais estratégias de recuperação da cidade.
Empresários e empreiteiros de engenharia civil da própria cidade terão a responsabilidade de terminar as obras emergenciais dentro do prazo previsto, depois que a cidade decretou estado de calamidade pública. A medida, sancionada pelo governador Sérgio Cabral, visa dar maior agilidade na contratação de serviços, aquisição de materiais e execução de obras e permite dispensa de licitação para reabilitação das cidades devastadas.
Mudança na geografia
A devastação na Região Serrana foi tão violenta que provocou uma mudança na geografia de toda aquela área. Engenheiros do Exército usaram tecnologia avançada para redesenhar o curso de rios e avaliar o que aconteceu com os morros após os deslizamentos. O trabalho vai ajudar na identificação dos pontos críticos, para agilizar a solução dos problemas. Os novos contornos da cidade de Teresópolis foram filmados e fotografados durante um sobrevoo de helicóptero feito por especialistas do Instituto Militar de Engenharia (IME).
“Tiramos mais de 4 mil fotografias, do alto, filmamos. Rios mudaram de curso, ruas viraram tapas de lama, morros parecem que foram cortados com uma faca, e aquela fatia desabando por cima de tudo que tiver na frente. No nosso voo nós não vimos coisas bonitas, vimos destruição. Parece que explodiu uma bomba”, atestou o major do IME Jacy Montenegro.
Nos vales mais profundos, o trabalho foi feito com a ajuda de aeromodelo, equipado com três câmeras e aparelhos de GPS. O veículo aéreo não tripulado tem três metros de envergadura e foi desenvolvido pelos alunos do IME. E as imagens captadas foram sobrepostas as que já existiam antes do temporal.
O novo mapeamento da Região Serrana será importante para as equipes que ainda trabalham no resgate das vítimas, para mostrar o melhor acesso à áreas ainda isoladas e, principalmente, para orientar a reconstrução das cidades e indicar os locais que podem ser ocupados.
“Não construiríamos casas onde surgiu um rio. Não construiríamos casas de novo onde o morro desabou. Essas áreas são áreas que a natureza escolheu para ser o curso alternativo da água. Nós não mandamos na natureza”, afirmou o major Montenegro.
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