NOTA PÚBLICA EM DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS E DE UMA JUSTIÇA IGUAL PARA TODOS E TODAS

Em dezembro passado a Declaração Universal dos Direitos Humanos fez 62 anos, esse marco histórico que deu uma basta aos absurdos causados na II Guerra Mundial possibilitou o surgimento de novas e avançadas legislações, a exemplo do Brasil, com a Constituição Federal Brasileira entre outras leis.

No entanto, esse avanço não é visto na prática. São cadeias superlotadas, a reserva biológica do Gurupi, última área de reserva da Amazônia Legal no Estado do Maranhão, ameaçada por grileiros e suas fazendas, dentre outros crimes dos mais diversos na área ambiental, roubalheira do dinheiro público, seres humanos transformados em escravos, pessoas notórias que cometeram crimes, perambulando livres pelas ruas sejam por homicídio ou mesmo por ter abusado sexualmente de crianças e adolescentes entre tantos absurdos sabidos e negligenciados pelas autoridades públicas. 

No último domingo (30/01/2011), no programa Fantástico da rede Globo, mais uma vez o Estado do Maranhão figurou como um lugar onde os órgãos públicos não funcionam, onde os direitos humanos são desrespeitados, dando lugar à impunidade e ao medo. 

A defesa dos direitos humanos é papel de todos, principalmente no que diz respeito a fazer valer as leis, afinal são elas que organizam a sociedade e faz com que haja boas relações sociais. Elas orientam o espaço entre eu e o outro, dando-nos consciência de direitos e deveres iguais para todos. 

Denunciamos um contexto em que os mais ricos (fazendeiros, banqueiros, mineradoras, latifundiários, siderúrgicas, agronegócio, escravocratas), detêm o poder real e controlam os órgãos do sistema de justiça (Poder Judiciário, Ministério Público, Polícias), fazendo-os operar de maneira desigual, em seu benefício e em desfavor dos demais. 

Os defensores e defensoras de direitos humanos, nem sempre bem compreendidos, devem contar com o apoio de toda a sociedade porque são aqueles que trabalham às vezes até arriscando suas vidas, exatamente para reequilibrar essa balança.  

Nós entidades, organizações e movimentos sociais abaixo assinados, insistiremos tantas vezes se necessário for que é preciso enfim, acabar com o fenômeno da "seletividade da Justiça", invertendo essa realidade, em que nossas leis e aqueles que as aplicam protegem com maior rigor e de maneira muito mais ágil o direito à propriedade, sendo muito mais tolerantes com aqueles que violam outros direitos fundamentais, como o direito à vida, o de não ser torturado e o de não ser escravizado. Esse fenômeno leva à divisão da sociedade brasileira entre aqueles que estão mais suscetíveis de serem presos, processados e punidos (os pobres) e aqueles que quase nunca o serão e, por isso agem como querem (os ricos), sem respeitar as leis, com confiança na impunidade.
CDVDH - Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia
CPT – Comissão Pastoral da Terra
 STTR – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Açailândia
 ARCA - Associação Rádio Comunitária Açailândia
CODIGMA – Cooperativa para Dignidade do Maranhão
Associação dos Moradores do Piquiá de Baixo
 Paróquia São João Batista
 Conselho Tutelar de Açailândia
 MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra 
Justiça nos Trilhos
 Agência Asturiana de Cooperação para o Desenvolvimento – Governo do Principado de Astúrias – ESPANHA
NOTA DE SOLIDARIEDADE DA DIOCESE DE IMPERATRIZ

A diocese de Imperatriz através de seu bispo, dom Gilberto Pastana, vem a público manifestar sua preocupação a respeito de numerosas e graves violações de direitos humanos que nesses últimos dias marcaram a crônica do Maranhão e, em particular, da cidade de Açailândia.

 A igreja católica defende o direito à vida, à dignidade da pessoa, à terra, ao trabalho e à saúde, como elementos essenciais na construção do Reino de Deus. 

            Papel essencial da evangelização é aproximar-se às pessoas feridas e excluídas, à beira do caminho, para levantá-las e caminhar novamente, junto com elas (Lc 10).
            Ao contrário, nesse tempo de violência e acumulação, percebemos que o dinheiro e o poder estão servindo mais para dividir do que para socorrer os pobres. A justiça se mantém, em muitos casos, aliada de quem tem o controle econômico e político.

            Dessa forma, várias vezes, acaba protegendo com rigor e de maneira muito ágil o direito à propriedade, mas é muito mais tolerante com aqueles que torturam, escravizam ou até mandam matar. 

            A igreja, mais uma vez, assume seu lugar ao lado das vítimas e dos muitos samaritanos que escolheu servi-los. Apela, nessas horas de violência e tensão, à solidariedade para com todos os movimentos que defendem os direitos humanos e tentam promover o acesso democrático a condições de vida digna e a todos os homens e mulheres de boa vontade  que sonham e lutam por um mundo menos desigual e mais humano.

 Dom Gilberto Pastana
Bispo diocesano



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