Prefeito de Taboão da Serra quer investigar recolhimento de impostos

Dados dos últimos 10 anos serão analisados após prisão de 3 vereadores.
Polícia deteve nesta quarta outros suspeitos de envolvimento no esquema.


O prefeito de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, Evilásio Cavalcante de Farias, determinou que o recolhimento de impostos dos últimos dez anos na cidade seja investigado. Nesta terça-feira (3), três vereadores foram presos por suspeita de envolvimento em uma fraude milionária nas contas do município. Segundo as investigações, eles recebiam dinheiro para anular dívidas de impostos como IPTU e ISS.
Os três vereadores passaram a madrugada na Delegacia Seccional de Taboão da Serra. Durante a madrugada, outros suspeitos foram detidos. Por volta das 6h, um funcionário da prefeitura responsável pela emissão da certidão negativa de impostos chegou à delegacia. Ele será interrogado na manhã desta quarta-feira (4).
Outro suspeito de envolvimento no esquema deve chegar à delegacia ainda nesta manhã. Ele era diretor do setor de cadastros e foi beneficiado. O irmão de um dos vereadores também foi detido na madrugada.
A investigação começou em março, quando o servidor público Marcio Renato Carra foi surpreendido no momento da fraude. Do computador que ele usava dentro da prefeitura partiu um comando que fez desaparecer em um único dia R$ 64.777,30 em dívidas de impostos.
O esquema foi detalhado por uma testemunha que assinou o depoimento com a impressão digital para não ter o nome revelado. A testemunha disse que o vereador Carlos Andrade procurava por ela e por outros funcionários da prefeitura. Primeiro, segundo ela, pediu a relação de empresas e pessoas físicas que constavam como os maiores devedores de IPTU.A fraude ocorria no setor de dívida ativa, onde ficam registrados os devedores de tributos como IPTU e Imposto Sobre Serviços (ISS), de acordo com as investigações.
O mesmo vereador também dizia, de acordo com a testemunha, que alterasse as datas de vencimento e até o nome do devedor. Envelopes entregues aos servidores indicavam quem devia ter a dívida cancelada.
A fraude causou um desequilíbrio nas contas municipais. Os valores devidos que eram apagados da conta de dívidas ativas não entravam no caixa da prefeitura. O desvio acumulado desde janeiro pode passar de R$ 1 milhão. Nos últimos anos, a suspeita é de que eles tenham desviado pelo menos R$ 10 milhões.
Além do servidor preso, outros funcionários tinham senhas especiais para acessar as contas da dívida da Prefeitura de Taboão da Serra. Para descobrir quem estava à frente das fraudes, um dispositivo passou a indicar, em tempo real, de qual computador as dívidas eram apagadas.
Segundo o delegado Raul Godoy Neto, os vereadores ganhavam cerca de 30% dos débitos baixados.
Um supermercado e o dono de um imóvel foram alguns dos beneficiados pelo esquema. Parentes dos vereadores Arnaldo dos Santos, do PSB, e de José Luiz Eloy, do PMDB, também foram favorecidos, de acordo com a polícia.
Do G1 SP

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