Brasília
– A pobreza e a baixa escolaridade das famílias estão entre as principais
causas do trabalho infantil no país, segundo a secretária executiva do Fórum
Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPeti), Isa
Oliveira. Atualmente há no Brasil mais de 4 milhões de crianças e
adolescentes trabalhando. Na faixa dos 5 a 14 anos, em que a legislação
brasileira proíbe qualquer forma de trabalho, o número chega a 1,4 milhão.
“O
trabalho infantil reproduz a situação de pobreza e baixa escolaridade na qual
os pais dessas criança estão inseridos”, destaca a secretária executiva, no Dia
Mundial contra o Trabalho Infantil, lembrado hoje (12).
Para
ela, entre os fatores para que as crianças permaneçam trabalhando está o fato
de as famílias não considerarem a escola como uma alternativa.
“Principalmente na área rural, há uma grande precariedade educacional,
acrescida da precariedade no transporte para que essas crianças cheguem à
escola”, lembrou ela.
Segundo
o coordenador da organização não governamental (ONG) Repórter Brasil, Leonardo
Sakamoto, além da situação de pobreza e de baixa escolaridade, a questão
cultural contribui para os índices de trabalho infantil no país. “Esse processo
já foi quase que institucionalizado em algumas famílias por causa de uma
suposta tradição de formação e caráter que está associada ao trabalho
infantil.”
De
acordo com Sakamoto, alguns pais acreditam que, pelo fato de eles terem
trabalhando e isso ter ajudado na formação do caráter, os filhos têm que passar
pela mesma situação. “Muitas famílias acabam colocando a criança no trabalho
porque acreditam que é importante, pois tiveram uma formação pessoal de
trabalho infantil e não veem que isso não precisa passar de pai para filho.”
Para
o coordenador, as famílias não devem ser culpadas pelo fato de as crianças
estarem trabalhando. Segundo ele, o Estado é o responsável por fiscalizar e dar
condições para que os pais não permitam o trabalho infantil.
“Por
mais que a família esteja reproduzindo esse discurso, a culpa não é dela. A
culpa é do Estado que não fiscaliza e não dá meios para que essas crianças e
essas famílias possam não contar com o trabalho de seus filhos. A culpa não é
de quem está tentado sobreviver e que não entende que isso é errado.”
De
acordo com o coordenador da ONG, o Estado deve garantir às famílias
alternativas de oportunidades como estudo, lazer, esporte e cultura.
Agência
Brasil
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