Brasília – Sem ceder
às pressões dos professores das universidades e dos institutos federais, o
governo enviará ao Congresso Nacional a proposta de reajuste salarial e de
reestruturação do plano de carreira apresentada na semana passada. O anúncio
ocorreu hoje (1º) à noite depois de quase três horas de reunião no Ministério
do Planejamento e representantes das entidades da categoria, em greve há 77
dias.
Das quatro entidades
que representam os docentes federais de ensino superior, três se recusaram a
firmar acordo com o governo. Apenas a Federação de Sindicatos de Professores de
Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) aceitou a proposta, que
prevê reajustes de 25% a 40% e diminuição do número de níveis de carreira de 17
para 13.
Amanhã (2), o Proifes
assinará o acordo com o governo que ratifica o fim das negociações. O governo
não pretende atender a reivindicações adicionais. “Chegamos ao limite do que
achávamos possível. Os ajustes já ocorreram ao longo das discussões. A proposta
é boa, adequada e tem impacto de R$ 4,2 bilhões no Orçamento”, declarou o
secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio
Mendonça.
O secretário de
Ensino Superior do Ministério da Educação, Amaro Lins, disse acreditar que, a
partir da próxima semana, as universidades federais começarão a retomar as
atividades. No entanto, as três entidades que se recusaram a ratificar o acordo
pretendem continuar com a greve.
“Infelizmente,
governo escolheu um lado para assinar o acordo. Vamos continuar firmes na greve
e vamos intensificar a luta porque a indignação da categoria vai crescer
muito”, destacou a presidenta do Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Marinalva Oliveira. Segundo ela, o
governo se recusou a negociar outras reivindicações da categoria, como a
remoção de barreiras para a progressão no plano de carreira e a melhoria das
condições de trabalho.
O coordenador-geral
do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional
e Tecnológica (Sinasefe), Gutemberg de Almeida, também criticou o que considera
intransigência do governo. “Ao anunciar que vai assinar um acordo com uma
entidade que não representa a maioria dos docentes, o governo ignora a
categoria. Não compactuamos com esse tipo de postura, que contraria uma
promessa de campanha do governo Dilma, que é a valorização da educação”.
Além do Andes-SN e do
Sinasefe, a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal
(Condsef) rejeitou a proposta. O presidente do Proifes, Eduardo Rolim de
Oliveira, rechaçou as alegações de que a entidade não representa os docentes de
nível superior. Segundo ele, a federação participou da assinatura de dois
acordos, em 2007 e no ano passado. “O acordo de 2007 foi o melhor que os
professores tiveram até hoje”.
De acordo com
Oliveira, os professores conseguiram alcançar conquistas significantes com a
greve, como o reajuste mínimo de 25% e a diminuição dos níveis de carreira. Ele
apresentou uma pesquisa do Proifes com 5,2 mil professores de 43 universidades
e institutos federais na qual 74,3% dos entrevistados responderam
favoravelmente à proposta.
Agência
Brasil
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