A um passo de resolver a situação de Piquiá de Baixo

Papel decisivo de empresas e poder público

Ainda no mês de setembro, a Associação Comunitária dos Moradores do Pequiá (ACMP) deverá chegar a assinar o contrato com a Caixa Econômica Federal para a construção do novo bairro, longe da poluição que matou ou adoeceu dezenas e dezenas de pessoas daquele povoado, no Município de Açailândia-MA. 
Falta só um passo: a complementação da última parte do orçamento, que ainda não foi financiada.

O custo total da obra de reassentamento, incluindo a indenização do terreno desapropriado, o pré-projeto de engenharia, as habitações, a infraestrutura e alguns dos equipamentos comunitários necessários, é de cerca 28,5 milhões de reais.  

O Programa “Minha Casa Minha Vida” está garantindo 17,78 milhões (62% do total). O Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão (Sifema) contribuiu até agora com 1,5 milhões (5% do total). A Fundação Vale, através de seu programa “Selo de Qualidade Urbana”, se dispôs a oferecer, até agora, 4,68 milhões (16% do total). Estão faltando para fechar a conta, cerca de 4,6 milhões de reais (o 16% restante).  
Sem essa última complementação, o contrato não poderá ser assinado, a ACMP corre o risco de esvaziar a luta e as articulações feitas até agora, mas também todos os atores envolvidos perderão uma oportunidade única de reverter a grave situação de violência socioambiental do Piquiá, livrando a população de todas as mazelas sofridas há décadas. 

O Ministério Público de Açailândia convocou para a próxima terça-feira, 23 de setembro, uma reunião ampla, entre todos os envolvidos, para chegar a um acordo a respeito dessa complementação e, nos dias seguintes, à assinatura do contrato para a construção do bairro. 

Meses atrás, fortemente preocupados pelos relatos em nível nacional e internacional sobre o caso, quatro relatores especiais da Organização das Nações Unidas (ONU), enviaram uma interpelação formal ao Governo Federal do Brasil sobre “notícias de contaminações e envenenamentos ainda em curso no bairro de Piquiá de Baixo, Açailândia, Maranhão”. 

Trata-se de: Relatoria pelo direito ao mais alto nível de saúde mental e física; Relatoria sobre as implicações para os Direitos Humanos pelo uso de substâncias perigosas e dejetos; Relatoria sobre o Direito Humano à água e saneamento; Grupo de trabalho sobre Direitos Humanos e corporações transnacionais. 

Na interpelação dos Relatores, 11 precisas perguntas indagam sobre a situação das famílias e do território, bem como sobre as providências tomadas pelo Estado e as empresas para solucionar definitivamente essa situação de grave violação dos Direitos Humanos. 

Cresce a atenção de muitas instituições, entidades, movimentos sociais e pessoas do Brasil e do mundo para com o sofrimento, a resistência e o possível resgate da comunidade de Piquiá de Baixo. 

Reverter esse símbolo de injustiça socioambiental numa nova caminhada de libertação é a missão ao alcance de todos os atores convocados, nesse final de setembro, para escrever uma nova página na história.


Nenhum comentário

‹‹ Postagem mais recente Postagem mais antiga ››

Sou Sórcio, sou forte. Seja você também um sórcio.