Projeto de duplicação da Estrada de Ferro Carajás é apresentado em Açailândia

Entidades denunciam que o projeto de licenciamento ambiental da duplicação é ilegal

Na noite de hoje (10) será apresentado o projeto de expansão do Programa Grande Carajás, que prevê a duplicação de todo o sistema mina-ferrovia-porto em concessão à Vale. Para tratar do assunto no município de Açailândia, acontece uma reunião pública às 18h30 no “Zeppelin Eventos”, localizado na Rua Fortaleza, nº 100, centro. A reunião, que deverá ser conduzida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), foi convocada e organizada, porém, pela Vale.

Padre Dário Bossi, pároco em Açailândia, destaca as dimensões do empreendimento: “O projeto de duplicação é gigantesco, prevê um investimento de 40 bilhões de reais, mais de um milhão de m3 de material de descarte, impactos em mais de 100 comunidades. Muitos já se consideram atingidos pela cadeia de mineração e siderurgia, por conta da poluição, do barulho e das vibrações constantes provocadas pelo trem, das mortes de pessoas e animais por atropelamento... imagine-se o que acontecerá agora, com a duplicação!”, afirma o padre.

Ir. Antonio Soffientini, missionário comboniano também residente em Açailândia, acrescenta: “O impacto ambiental na Floresta Nacional Carajás pela extração de ferro é evidente e será mais do que dobrado pelo projeto S11D, recém licenciado pelo IBAMA. A duplicação pode trazer facilmente o dobro de lucro para a empresa e de impactos para o povo”.
A reunião é a segunda de quatro encontros que vão ocorrer em municípios que serão atingidos pela duplicação. Os movimentos sociais e as entidades que estudaram o processo de licenciamento denunciam num panfleto divulgado hoje, a total insuficiência desses eventos que acontecem nesta semana: “Como pode se pensar de consultar as 100 comunidades de Pará e Maranhão, ao longo de 900 km de estrada de ferro, somente com quatro reuniões públicas marcadas à noite? Reivindicamos imediata suspensão desse licenciamento ambiental, regulares audiências públicas em todos os municípios e negociações coletivas sobre medidas de mitigação e compensação”, relata o panfleto.

As entidades denunciaram no Ministério Público Federal e na Justiça Federal a ilegalidade do processo de licenciamento da duplicação, feito de maneira simplificada, sem o respeito às regras básicas previstas na legislação brasileira.

Mascarando esse projeto como um empreendimento de pequeno porte, a Vale se livrou de apresentar o Estudo de Impacto Ambiental e de assumir a responsabilidade por compensações e mitigações que a lei prevê para empreendimentos como esse.

Na reunião, os movimentos sociais e as comunidades atingidas entregarão oficialmente ao IBAMA um abaixo assinado manifestando insatisfação quanto ao processo de licenciamento ambiental e um amplo documento com dados sobre os impactos que estão sofrendo, além de observações críticas sobre o mesmo processo.

Pelo histórico de danos ao meio ambiente e violações dos direitos das comunidades vizinhas, a Vale foi eleita, em janeiro deste ano, a pior empresa do mundo, em competição realizada anualmente por instituições da Suíça. Somente na última semana, as operações da Vale no Brasil provocaram duas tragédias: a contaminação do córrego Arigolândia em Corumbá-MS – com multa de R$ 5 milhões, pelo IBAMA - e a morte de mais uma pessoa atropelada por um de seus trens, desta vez em Ibiraçu, no Espírito Santo.


Rede Justiça nos Trilhos

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