O
deputado federal Domingos Dutra (PT) denunciou na página do seu facebook que
ele, junto com a pacata comunidade de Vinhais Velho, foram agredidos, nesta
quarta-feira, 25, pela Polícia Militar do Maranhão. Um ato, segundo o deputado,
covarde, arbitrário e que desrespeita decisão da Justiça. Tudo ocorreu,
conforme o parlamentar, por ordem da governadora Roseana Sarney.
Durante
a tarde, Dutra relatou na rede social os acontecimentos. Ele escreveu: “A
violência foi tamanha na Vila Vinhais Velho que eu fui desrespeitado por
policiais que torceram o meu braço, chutaram minha canela, amassaram o meu
carro. Eles me agrediram com gás lacrimogêneo, bala de borracha, produtos
químicos, empurrões, me imobilizaram e ainda extraviaram o meu carro, cujo
paradeiro desconheço. Esta é a triste realidade desse Maranhão”, repudiou.
Depois
voltou a informar: “No meio do conflito o meu carro foi rebocado pela polícia
militar que sumiu com o veículo e com tudo o que havia dentro dele: meu
notebook, máquina fotográfica, modem, documentos e dinheiro! O meu carro está
desaparecido! A polícia de forma truculenta usou gás lacrimogêneo e balas de borracha
contra a comunidade. Três pessoas foram feridas, dentre eles um morador da
comunidade de 75 anos e a professora da Universidade Federal do Maranhão,
Antonia Mota. Continuamos nossa luta de resistência, em defesa da história do
nosso povo e do patrimônio histórico e arqueológico, que são bens da Nação!
Ficaremos aqui até que o governo respeite a lei e esta comunidade tradicional”.
O
parlamentar afirmou que o seu carro foi rebocado indevidamente, visto que
estava estacionado em local permitido. Dutra informou que nas primeiras horas
de quinta-feira (26) entrará com um mandato de segurança para reaver seu
veículo.
Domingos
Dutra contou que um batalhão com mais de 150 policiais invadiu a comunidade
tradicional, ameaçando as famílias. “É a segunda vez, nesta quinzena, que a PM
invade a comunidade. Na sexta-feira passada (16), 20 viaturas, máquinas pesadas
e 01 helicóptero, reforçados pelos policiais da Força Nacional de Segurança, a
mando da governadora Roseana Sarney, tomou a vila de surpresa, levando os moradores
a fazerem uma barreira humana para impedir a destruição do lugar”, lembrou.
Presidente
da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Dutra diz
que o Governo do Estado do Maranhão e à Construtora Marquise violam acordo
celebrado, em abril deste ano, perante o juiz da 8ª Vara da Justiça Federal.
Pelo acordo firmado, dividido em nove itens, as obras de construção da Avenida
Via Expressa do governo do Estado estão suspensa até que seja feita o
mapeamento e resgate arqueológico desde Vinhais Velho até o Conjunto Ipase.
O
deputado divulgou no início da noite uma carta na qual relata o incidente
ocorrido hoje no Vinhais Velho. Acompanhe a seguir a íntegra.
Agressão da polícia de Roseana
O Secretário Max Barros, sem ordem judicial e sem
autorização da prefeitura, alugou um sítio dentro da Vila Vinhais e fez dele o
quartel general da empresa Marquise, com intenção de provocar uma tragédia na
comunidade.
Por dois meses os moradores suportaram o trânsito
intenso de máquinas pesadas passando por dentro de seu território, ameaçando
crianças e idosos, destruindo a reserva de mata nativa, o manguezal, aterrando
vestígios arqueológicos.
A agressão durou até o dia 09 de julho quando a
comunidade de Vinhais Velho cansada de agressões resolveu interromper o
trânsito pesado para impedir a destruição do seu patrimônio ambiental,
histórico e arqueológico.
O sossego então voltou à Vila com crianças
brincando, idosos transitando com tranquilidade e a comunidade em paz.
Durante a semana os moradores se revezaram na
vigília de seu território, impedindo as máquinas pesadas de circular. O
Secretário Max Barros passou algumas vezes na área debochando da comunidade.
Em 20 de julho o Secretário Max Barros, mandou o
seu capitão do mato Aparício Bandeira reprimir a comunidade de Vinhas Velho.
Acompanhado por 12 camburões e um ônibus da polícia e mais 04 tratores invadiu
Vinhais Velho com mais de 200 policias entre coronéis, tenentes, sargentos,
cabos e soldados e até membros da Força Nacional.
A operação de guerra comandada pelo capitão do mato
Aparício Bandeira estabeleceu o clima de terror com crianças correndo, idosos
chorando, mulheres ameaçadas de prisão.
As 13 horas o Deputado Domingos Dutra, Presidente
da Comissão de Direitos Humanos chegou na área comunicando ao Coronel Sá que se
retirasse da área pois a operação era ilegal, já que não tinha ordem judicial;
a área está sob apreciação judicial; a obra está suspensa por determinação da
justiça federal e a rua é de responsabilidade da prefeitura e não do governo do
estado.
Após a intervenção do Presidente da Comissão de
Direitos Humanos o clima ficou menos tenso, os camburões da polícia se
retiraram, voltando os moradores a interromper o tráfico de carros pesados da
empresa.
A Comunidade de Vinhas Velho permanece em vigília.
Na segunda-feira iremos requerer ao Governo Federal que suspenda todas as obras
do PAC realizadas pela empresa Marquise. Irá solicitar ao BNDES e à Presidente
Dilma que suspenda os repasses de recursos federais para uma obra que dizima
comunidades tradicionais. A Comunidade irá também denunciar por crime de
responsabilidade os Secretários Max Barros e Vitor Mendes com base na lei de
informação por sonegarem informações sobre a obra, bem como irá representar ao
Ministério Público Federal pelas violações à determinação de suspensão da obra.
Ontem mesmo o Deputado Domingos Dutra, Presidente
da Comissão de Direitos Humanos denunciou o uso indevido da Força Nacional para
reprimir uma comunidade que desde 1986 não ocorre um homicídio, roubo, furto ou
qualquer outro crime.
A Comunidade de Vinhas Velho já apresentou várias
propostas capazes de compatibilizar a realização da via expressa e a
preservação da Vila de Vinhais. No entanto, o Secretário Max Barros defendendo
interesses econômicos teima em querer destruir este patrimônio histórico.
Vamos continuar aqui. O que ocorrer será de
responsabilidade da Governadora ROSEANA SARNEY.